Maria Hortencia Silveira

“Dar os melhores salários e benefícios aos nossos empregados enquanto asseguramos uma estabilidade de longo prazo para o negócio.”

Nascida e criada na ilha do Pico, Maria Hortencia cresceu com gosto por ouvir o que os mais velhos tinham a dizer. Recorda-se vivamente dos provérbios e observações cheios de graça e de sabedoria que diziam e chegou mesmo a seguir os conselhos que ouviu em pequena.

Tal como tantas outras crianças, cresceu a admirar os professores e a ambição de se tornar professora perseguiu-a até aos Estados Unidos. Foi aceite na Universidade do Estado da Califórnia, Stanislaus, formando-se em Francês e Espanhol com especialização em Administração de Empresas. Completou a sua formação, posteriormente, na Universidade Davis, também na Califórnia, e obteve certificação de Negociação Coletiva pela Universidade de Harvard. Adorava Francês, mas a vida levou-a aos negócios e à psicologia, sobretudo a psicologia industrial.

O seu primeiro trabalho foi, então, um estágio de verão na Foster Poultry Farms, em Livingston, Califórnia, empresa multibilionária para a qual o pai trabalhava. Trabalhou na fábrica como etiquetadora e esse foi o começo de um caminho maravilhoso de sucesso.

Ocupou, nessa empresa, diversos cargos tendo sido responsável por cinco Divisões de 15 localidades em seis Estados diferentes. Foi responsável por nove negociações de acordos coletivos de trabalho com sete uniões. Aposentada agora, trabalha como consultora na mesma empresa onde foi responsável por garantir o cumprimento de leis e regulamentos estaduais e federais em todas as divisões em vários Estados. O projeto mais difícil e divertido que teve em mãos foi o de negociar acordos coletivos de trabalho, porque se mostra um grande desafio negociar acordos com parâmetros apertados. Em mais de 150 contratos de negociação em vários Estados a maior parte foi ratificada na primeira votação.

A chave para o seu sucesso pessoal foi o trabalho árduo, correspondendo sempre com os objetivos traçados. Essas características foram notadas pela chefia da empresa e são traduzidas nas palavras de Paul Foster quando estendeu a oferta do primeiro cargo de gestão a Maria: “Maria, serás sempre bem-sucedida no que quer que faças, porque se eu te pedir para erguer este edifício provavelmente não serás capaz mas vais fazer uma grande tentativa”. Esta frase ecoou nas memórias de Maria Hortencia, sobretudo quando a vida se complicava.

Outra das suas memórias mais felizes com o patrão que a acompanhou durante 30 anos foi a de um grande movimento sindical numa das maiores instalações da empresa. Maria foi convocada a reunir-se com cerca de 2 400 funcionários para tentar avaliar os problemas e acalmar a situação. O olhar cúmplice que trocou com o seu chefe e as palavras que ele soltou – “vais conseguir” – são tudo aquilo que identifica como características de um bom mentor: inspirar e capacitar as pessoas a fazerem grandes coisas, mostrando apoio e confiança.

É feliz porque faz o que a apaixona e trabalha com pessoas de quem gosta. Tenta divertir-se em tudo quanto faz e está envolvida em diversas organizações comunitárias. Foi uma das fundadoras da Casa dos Açores e da Portuguese Education Foundation da Califórnia Central. Atua, ainda, nos conselhos de administração de algumas dessas organizações das quais participa.

O seu contributo pode refletir-se de muitas formas, mas a sua maior contribuição será no desenvolvimento organizacional e no lado humano do negócio – empregados e clientes. Mostrar como pensar fora da caixa e ajudar a perceber que a maior parte das pessoas estão motivadas e querem fazer um grande trabalho. Não raras vezes essa motivação interna é prejudicada pela forma como os colaboradores são tratados no local de trabalho. As pessoas devem ser tratadas como o ativo número um; já o cliente, esse está sempre certo e deve ser tratado como rei/rainha.

Sente que é tempo de retribuir ao seu país, Portugal, e muito a honra a oportunidade. “Sinto-me honrada, disposta e grata”, remata.